Oi pessoal, Sou Glória
Lemos, convidada do “Chocolate e outras coisas...”
Hoje vamos falar de
roupa, vocês já pararam para pensar “E
se não usássemos roupas?” Pois bem, essa reportagem da Super Interessante de
2002 me chamou atenção para o fato não só histórico, climático, como também de
diferenciação.
“Das peles de animais
ou das folhas de parreira até a poderosa indústria da moda, as roupas contam
uma história tão antiga que remonta ao início da espécie humana.”
Somos identificados
através de nossas vestimentas sobre tantas vertentes de olhares, classe social,
clã ou tribo, cultura, humor, gosto musical. Somos rótulos ambulantes e
propaganda de nós mesmos. Há quem extraia apenas com o voyerismo social as
nossas características e personalidade. Tímidos atarracados em camisas de botão
até o pescoço, extrovertidos multicoloridos dos pés a cabeça. Nações indígenas
pintando seu rosto para delimitar a qual oca devem comparecer – pertencer.
Trazendo esta
observação para o mundo da música, temos exemplos dos mais variados, os chapéus
charmosos do samba, os spikes e moicanos dos Punks, a pluraridade dos anos 80
com óculos coloridos e diversidade do “mistura tudo que estamos revolucionando”
– pessoas que viraram estilo como Madonna e Michel Jackson, Funk e microsaias,
pagode e as calças que torneiam as curvas dançantes das mulatas, Rock and Roll,
tênis jeans e camiseta e tudo o mais que forneça conforto para podermos nos
expressar, saias rodadas e vestidos de
bolinhas, Ternos do Blues, Gospel e uniforme do coral das tradicionais igrejas,
batinhas hippies e Surf Music, dreads e Reggae. Música, expressão, moda,
paixão, estilo de vida, respeito. Friso aqui não ser uma premissa dogmática que
para gostar de tais ritmos tenhamos de aparentemente estar a caráter – claro que
não! Mas que há influências explícitas, ,isto não podemos negar!
Vou contar um
segredinho meu, eu gosto mesmo é desta liberdade – Hummmmm acordar e abrir o
armário e falar: “Hoje vou assim! Do meu jeito! Do meu estilo! Sem defeito!”
Mesmo não fazendo-se
necessário falar sobre o que gostamos é bom atentarmos que estamos mostrando
constantemente isto ou aquilo. E aí? Quer dar uma olhadinha no espelho e ver a
que tribo você está pertencendo hoje?
E um dos marcos de
referência dos anos 80 que ditou moda, quem nunca assistiu?
Para escolher seus
looks hoje podem dar uma passadinha no Blog de Clarice San Galo, o look a
look....Eu amo, amo amo: http://www.lookalook.com.br/
Abraços cheios de
estilo pra vocês!! Até breve. Glória Lemos
E eu que não ligo tanto assim pra roupa fico onde?? Numa tribo de um homem só?? :D
ResponderExcluirPra essas coisas o voyerismo social é o que há. Façam isso: sentem-se num shopping ou num lugar extremamente movimentado, tome uma cerveja gelada e apenas observem. Vcs descobrirão coisas inacreditáveis sobre as pessoas do seu bairro e cidade.
baaala!!!
ResponderExcluirlembrei deste poema de Drummond
EU ETIQUETA
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
Indispensabilidade...
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