sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Bahia. Salvador. Faculdade. Biblioteca. Conversando banalidades da nossa profissão, uma amiga lança-me de sopetao:
- O conhecimento desperta a ganância. Conhecimento chama conhecimento, e passamos a querer mais e mais. É a ganância do saber. Insatisfeitos, vamos atrás dele e isso não acaba nunca. Tenho vontade de virar surfista.
E a aspirante a médica, neste momento, passou a falar com orgulho de um seu vizinho. As maiores preocupações do rapaz giravam em torno do tamanho das ondas e do estado de conservação da sua prancha de surf.
Citação interessante. Neste momento, lembrei-me de ter lido algo semelhante em uma revista de consultório odontológico. Um grande empresário (desses que largam a diretoria de um conglomerado pra criar gado ou virar monge) disse em uma entrevista (mas veja só) que "o dinheiro era uma eterna instatisfação. A ganancia do ganhar. Ganhando mais, querendo mais, buscando novos negócios, entra-se numa busca sem fim".
...
Porque elementos em essência tão distintos ("conhecimento e dinheiro") criam problemas tão semelhantes?
Aliás, por que eles criam problemas?
Em ambos os casos,a minha amiga, o grande empresário, saturados pela busca do dinheiro e do conhecimento, esgotaram-se. Uma queria virar surfista. O outro virou monge.
Ora, é do senso comum que a ganancia está longe de fazer parte do cabedal comportamental dos monges e dos surfistas.
E neste esgotamento exagerado, num rompante proporcional à dor acumulada, em atitudes igualmente radicais, a medica virou surfista e o empresário virou monge.
Quantas pessoas, ao longo do viver urbanizado ocidental do nosso século, não adoecem apenas pelo esgotamento causado pelo esforço da busca? Meu consultório está cheio.
Sentir que algo vai errado dista muito de entender o que acontece consigo e dista mais ainda de buscar se ajudar. E dista mais ainda ainda de se buscar ajuda.
Ajuda em si, ajuda para si. Doença. Ganância. esgotamento.
Busca, busca, busca. Para quê? não sei! você sabe?

Procure entender o que acontece com você.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

EM BUSCA DO NADA EM UM MUNDO ONDE DESEJAMOS TUDO


Hoje, diante a minha estupidez em relação ao mundo e inabilidade em entender, sob certo aspecto, o comportamento e a vida humana, fiquei seriamente enfermo da mente e tortuosamente fui em busca de um trilho ideológico como tentativa de melhor entender o mundo e as pessoas. 

A verdade é que sempre estive patologicamente em busca de um autorretrato que permitisse ver, em antecipação, a descontinuidade das minhas convulsões ideológicas. Agora, completamente envolvido por uma luz etérea, deixo-me entregar com fervor aos meus pensamentos mais genuínos. E indubitavelmente percorro entre emaranhados de pontos reflexivos e chego incansavelmente aos mesmos questionamentos.

Nesse mundo da chantagem do entretenimento tecnológico onde tudo é rápido, superficial, anestésico, todos parecem sofrer quase que compulsoriamente da falta de dignidade intelectual. Sem criatividade ou medo de arriscar, parece que todos estão terrivelmente obscurecidos pelo delírio esquizofrênico das massas, estão hipnotizados pela luz do eletroeletrônico de conteúdo raso e sem propósito da timeline de qualquer rede social, ficam enfraquecidos pela rotina de todos os dias, pintando o asfalto sem paciência com suas luzes vermelho/amarela ao retornarem para suas casas. E ainda parece que foram dolorosamente depreciados pelas escadas mecânicas e largos corredores de pessoas entrando e saindo freneticamente dos estabelecimentos com sorrisos nos rostos como se a realidade que se encontra atrás dos muros climatizados não estivesse em profunda consternação.
 
Certamente, são poucos os que percebem o desenho dramático de suas vidas e questionam se tudo isso é verdadeiramente o nada.

sábado, 4 de janeiro de 2014

MÚSICA NA VEIA

No mundo há pessoas que tocam músicas e há músicos. Os músicos vivem, respiram e sofrem por sua arte. É um estilo de vida que se desdobra em ondas sonoras e são entregues aos nossos ouvidos. Contudo, é uma escolha cruel e difícil, pois é um ofício que tem muitos altos e baixos, cheio de dores e desilusões. Por outro lado, é verdade que fazer, pesquisar, escutar, sentir a música é uma arte delicada, sutil, prazerosa, divertida e supera qualquer obstáculo existente.

Minha relação com a música me parece tão profunda que não consigo pensar a vida sem ela. Mas confesso, não nasci para a música superficial que sempre invade meus ouvidos compulsoriamente. Gostaria que as condições atuais no mundo musical fossem melhores, mas infelizmente vivemos em tempos de consumismo e é prática comum e, por vezes, até obrigatório atropelar valores básicos e a espiritualidade que constituem a identidade do indivíduo que faz música...por isso reclamo...

Mas, nem tudo está perdido! Grandes pensamentos musicais estão explodindo nesse exato momento em diferentes cantos do planeta. Ainda são muitos os músicos, bandas, artistas que entendem, assim como eu, que a música é o elemento que liberta a alma e nos faz mais felizes. Portanto, por favor, sejamos mais musicais.

Ser Músico

“Não é nada fácil, difundir Cultura. Não é nada fácil ser sensível, apresentar emoções, cultivar amizades.
Não é nada fácil ter cultura, qualidades infinitas, conteúdo e, mais, o dom. Contudo, não há valor.
Não é nada fácil ser artista no Brasil. Como diria um amigo, ‘quero uma casa no campo’…
Não é nada fácil ver seus direitos autorais usurpados.
Mas, ser músico é muito mais do que ficar lamentando o tempo, os independentes de grande valor, que a mídia desconhece.
Ser músico, ainda que com algumas pequenas pedras no caminho, é mostrar a beleza da vida, os desencantos de uma grande paixão…
Ser músico é fazer com que voltemos anos e anos atrás, lembrando de momentos inesquecíveis…
Enquanto houver música, seremos felizes.
Enquanto houver músicos, teremos a esperança de sermos felizes.
Valorizem os músicos… Valorizem o ser humano!”

(Texto de Thomaz Schmidt)


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

COISAS DA VIDA...

Em um dia qualquer visitei pessoas que não encontrava há muitos anos. É indescritível a sensação positiva ao observar faces familiares que remetem a infância e adolescência. Histórias, desculpas, mágoas, risadas, novidades...emoções diferentes emergiram. É curioso como a intensidade das emoções supera qualquer tentativa racional de compreender certas coisas. É inevitável! Há coisas na vida que se sentem, não se explicam...

Eu que sempre acreditei no despropósito da vida e na indiferença das pessoas, começo a traçar novas perspectivas. Não sei ao certo o que houve em 3 décadas de vida. Mas sei que hoje me sinto como se estivesse sendo executado no 1º movimento de moonlight pelas mãos tão calmas e suáveis de Valemtina Listsa deslizando deliciosamente pelas teclas do seu piano e naturalmente encontrando seu rumo.




Venha o que vier, seja o que for. Estarei sempre em busca de novas possibilidades desejando compartilhar novas emoções, vivendo sem medo ou vergonha a cada dia e de maneira distinta. Afinal, a vida nada mais é que um improviso de si mesmo. Estou preparado para novos dias que irão nascer. Uma nova vida que será travestida de beleza, liberdade, novas ideias e criação, pois é nessas horas que tudo se transforma e surge um novo amanhecer.