quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Ética em finanças


Há algum tempo que eu pensei em escrever sobre ética em finanças, mas pesquisando pela NET achei um artigo que basicamente expressou boa parte dos meus pensamentos sobre esse tema. Então resolvi compartilhar com vocês e iniciar uma boa discussão.

Jogo de interesse, atender os interesses do cliente versus atender os interesses da instituição, andar sobre o capitalismo de pés calçados e tentar manter as mãos limpas, gostar de dinheiro mas saber colocá-lo no seu devido lugar, sem corromper seus valores mais essenciais, sem perder o respeito ao ser humano. Parece um discurso longe demais dos bancos e instituições financeiras, mas ainda procuro uma forma de montar na minha cabeça um modelo perfeito de relação ganha x ganha. Romantismo? Utopia? Ingenuidade? Talvez, mas os grandes homens que moldaram o mundo também tinham suas visões edificantes depreciadas.



ÉTICA EM FINANÇAS


Como podemos acomodar ética e finanças?

O que é ser ético do ponto de vista dos administradores empresariais dos acionistas, dos empregados, dos consumidores e dos legisladores?
Este artigo não tem a pretensão de responder perguntas e repostas, seu objetivo principal é aguçar e provocar o pensamento sobre esse assunto.
Até o final da idade média acreditava-se em um absolutismo ético. Aristóteles acreditava que as pessoas buscavam o que era bom.. Para evitar o relativismo implícito em seu ponto de vista ele dividiu os desejos em naturais e adquiridos. Naturais eram sempre bons, não poderia haver erro ao desejá-los. O problema da construção genial de Aristóteles surge com os desejos adquiridos tudo para dependê-la do “bom julgamento moral diferenciação entre certo e errado”.
Aristóteles aponta três virtudes que devem ser cultivados para alcançá-lo. Ter perseverança. Coragem e justiça.
Possuindo tais virtudes o agente teria um comprometimento no sentido de que o que lhe conviesse fosse igualmente bom para os outros.
Emst Gilhrer (1995) ao abordar as diferenças de opiniões entre relativistas, fundamentalistas e aos que chama “puritanos do iluminismo” aponta o papel fundamental de tias diferença, em uma sociedade liberal por facilitar uma mistura de convicções e tolerância.
Santos (1991) diz que “... ao complicarmos o espaço ou dimensão da Ética, a predominância da social mais e mais se evidencia”.
Evidenciam-se também as feições seletivas ou até elididas da Ética Individual.
Este autor explica que todas abordagem da ética dever via uma dialética histórica que considere o caráter mutável e evolutivo dos valores.
Por outro lado, embora com valores distintos, é possível que um povo compreenda e respeite os valores dos outros.
A ética é criada, construída socialmente no coletivo. O problema da ética surge em função da dificuldade em definir-se bem e mal e da vida em grupo.
Simples “tudo que este individuo considerar bom para si, será bom e, automaticamente ético”.
Membros compartilhando o mesmo espaço a existência de uma ética a ser seguida. A ética aqui representa uma restrição à liberdade individual, representa normas sociais em geral.
Para a sociedade hodierna, a ética comparativa tem cada vez maior importância, a multiplicidade uma homogeneização da dimensão ética do gênero humano seja impossível o que importa é que a maioria das sociedades há valores que estão de acordo com os da outra.
O processo da globalização de uma economia em cursos é com toda certeza um dos acontecimentos mais significativos dessa segunda metade de século. Não financeiros embora tendo sido os primeiros a se integrarem a nível global constituam até o momento o principal fator de risco para o processo.
As questões éticas permeiam todas as atividades humanas, mesmo porque os indivíduos sempre tem uma dimensão moral. A área financeira é reconhecida um território de mentes quantitativas, o tio de ambiente onde a melhor expressão da ars gratia artis é um polpudo saldo bancário. E esse ponto de vista é válido porque um financista que não ganha dinheiro, não é um bom acionista e ninguém irá querer que esse venha administrar algo.
Vivemos em uma sociedade capitalista e consumista, nada mais a dizer, com raras e, porque não dizer, belas, necessárias e comoventes exceções.(Madre Tereza)
As pesquisas cientificas de caráter ético em finanças não são exatamente comuns, a preocupação tem se concentrado bastante sobre a regulamentação do mercado de modo a lhe garantir um mínimo de credibilidade bem como em estabelecer limites de exposição para os diversos agentes em função do risco sistêmico. Existe também um crescente interesse em avaliar o desempenho dos fundos e de investimento com preocupação humanitárias ou fundos éticos em contraste com outros fundos e com índices de mercado e em saber se atitudes éticas e/ ou socialmente responsáveis levadas a cabo pelas empresas são legitimadas dentro do conceito de maximização da riqueza dos acionistas; bem como há uma grande preocupação em suavizar as arestas nos conflitos de agência entre corretores, investidores e firmas corretoras.

Causas do interesse por ética em finanças

- Pressão dos consumidores;
- Melhorar a produtividade e o serviço aos clientes;
- Competitividade (ser ético é uma estratégia de marketing)
- Mudanças nos valores da sociedade (pessoas primeiro, lucro depois); e
- Temor de dano monetário e na reputação por procedimento não ético.


Pessoas capacitadas para agirem

- Criar grandes barreiras de entrada;
- Promover um programa de educação continuada para os profissionais, e:
- Possuir um processo de fiscalização e julgamento claros, que puna os transgressores.


“Cedo ou tarde todos falham em agir eticamente.”

Princípios para Ética em Finanças


Para que haja ética em finanças há passos a serem seguidos:

- O Papel das Virtudes:
“A virtude é uma qualidade humana adquirida, cuja posse e exercício tentem a permitir-nos alcançar aqueles bens que são internos” Alasdair

- O Papel da Comunidade:
Na ética da virtude, a racionalidade é uma racionalidade compartilhada, com uma concepção compartilhada daquilo que é realmente desejável em todo esforço humano.

- O Papel do Julgamento Moral
A ética da virtude rejeita a abordagem caçada em regras para a educação moral. A ética da virtude é um processo em busca da excelência, que admite a manutenção ou quebra de regras desde que conduzam a excelência. Neste contexto seguir o aparato legal não deve ser visto como uma atitude necessariamente ética, mas sim como o fundamento a partir do qual o ideal profissional naquela atividade ser perseguido.

- O Papel dos Exemplos Morais
O aprendizado moral não consiste primariamente no aprendizado de regras, mas na aquisição de exemplos pertinentes. Um modelo adequado pode ser didaticamente mais efetivo do que um conjunto de máximas comportamentais. Os conflitos e ambiguidades estão no cerne da abordagem baseada no agente. Esta é a razão pela qual a habilidade de fazer bons julgamentos morais é tão crítica e o conhecimento através da observação de exemplos, dentro de um sistema organizacional que alimenta tal conhecimento, é crucial.

Ética da Virtude e o Profissional de Finanças

Segundo o autor, a ética da virtude fornece o que nos é fundamentalmente mais necessário: um objetivo ou ideal em nossa vida profissional. Afirma que para buscar esse ideal há dois princípios fundamentais:

- Ver a profissão como uma prática;
- Nessa prática buscar o “bem interno” acima de todo o resto;

Os atributos da profissão para que esta seja uma prática:

- Deve estabelecer seus próprios padrões de excelência e ser em parte definida por eles:
- Deve ser dirigida ao objetivo (teológica);

Os atributos dos “bens internos” dentro dessa prática:

- Serem únicos àquela atividade;
- Serem ilimitados
-Serem intangíveis; não podendo ser simplesmente definidos, quantificados ou matematicamente enumerados.

Segundo Dobson, deve-se ensinar aos profissionais a superioridade inerente dos “bens internos” em oposição aos “bens externos”; e fazê-lo ver que não são seres atomísticos, mas parte de uma prática profissional. Os credos existem nas corporações para disseminar tal ética pessoal. Ao invés de apresentar a ética como uma restrição ao comportamento, um código corporativo baseado na ética da virtude enfatiza o papel da excelência moral como um objetivo. Em suma, tal ética coloca a virtude acima do ganho material. Por serem os códigos de ética corporativos insuficientes para garantir uma conduta ética; os programas de treinamento são essenciais.
  



BIBLIOGRAFIA

-Livro: Fundamentos de Ética Empresarial e Economia
Autores: Maria Cecília C de Arruda, Maria do Carmo Whitaker e José Maria Rodrigues Ramos – 2ª Edição – Atlas

- Sites: www.google.com.br / www.youtube.com 

2 comentários:

  1. Patolino, vai comprar o livro? estou aliviadissimo por vo e ter sistematizado uma coisa que eu achava que sabia, e sabia que pensava. Uma pena q eu nao seja da area!

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  2. ÉTICA! Palavra que parece perder seu sentido quando o assunto é finanças. Não é raro observar profissionais, muitas vezes de grande escalão, alterando números contábeis e distorcendo planilhas financeiras de suas empresas. Esse tema em finanças e no mundo empresarial de forma genérica é bem delicado e merece um estudo mais profundo e até mesmo acadêmico. Porém, aqui não é o local para uma análise científca. Por isso, irei ficar limitado apenas em tercer alguns comentários. Ética em finanças chega a ser tão superficial que para quem busca atuar profissionalmente manipulando dinherio de terceiros, basta realizar uma prova com grau de acerto de 70%, onde o tema ética não chega a 40% do conteúdo geral e peso da prova.O conflito de interesses na área de finanças é absurdo. Posso dizer com segurança, pois toda a minha vida profissional foi direcionada para essa área. Trabalhei em gerenciamento financeiro/ risco /backoffice em algumas empresas, além disso, estou no mercado de bolsa a quase 10 anos, sendo 4 como profissional (já perdi o triplo do que ganhei nesse “game”) e passei por uma grande falência financeira familiar, ou seja, colecionei ao longo da vida e curta carreira profissional algumas figurinhas. O cenário que vejo para o futuro não é nada agradável na relação ética/finanças. Minha percepção diz que teremos cada vez mais “gurus financeiros”, multiplus planos, fórmulas e equações sugerindo algum milagre, etc. Tudo isso será reflexo de investimentos mais complexos e pouco rentáveis. E nesse cenário de engenharia financeira a ética não é bem vinda. Leiam “Pound Foolish: exposing the dark side of the personal finance industry” de Helaine Olen. Não sei se há alguma tradução para a nossa língua, mas é possível encontrá-lo na Amazon por volta de $16. (http://www.amazon.com/Pound-Foolish-Exposing-Personal-ebook/dp/B006CUDCUM/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1357559787&sr=1-1)Também recomendo a leitura de um artigo que fiz leitura em meados de 2012. http://www.lideres.org.br/portal/noticia.php?id=5407 onde revela o executivo mentiroso brasileiro. Verdadeiros profissionais da mentira camuflados em uma roupa de Decisons Makers. O que me traz certo conforto é saber que o sitema financeiro é feito de pessoas e as pessoas podem mudar. Para você que está lendo esse comentário só peço cuidado para nao cair na cilada da crença infundada na força de vontade futura com soluções de um mundo financeiro melhor. Apenas não respeite o desconto hiperbólico sujeito do tempo. E assim talvez você possa eliminar, ou pelo menos, minimizar a falta de ética financira que tramita em nossas vidas. Essa discussão me faz recordar uma velha fábula (abaixo) que escutei de uma amiga chinesa. E chega de papo, estou cansado! Irei escutar alguma música. Abraços!

    De Jiang Yingke

    O JURAMENTO

    Certo mandarim corrupto tinha o hábito de aconselhar seus subordinados a serem honestos. Quando assumiu o cargo, ele fez o seguinte juramento:

    - Caso eu aceite suborno com a minha mão esquerda, que ela seja decepada; e caso a mão direita aceite subordo, que ela também seja decepada.

    Tempos depois, como o vício era grande e a tentação, muita, o mandarim aceitou suborno e foi descoberto. Ele ficou preocupado, pois poderiam lhe aplicar o castigo que ele mesmo havia sugerido. Seus ajudantes vieram em sua ajuda:

    - Por que não corta apenas as mangas da túnica? Assim o senhor não perde as mãos.

    O mandarim achou que era uma boa ideia.

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