
Jogo de interesse, atender os interesses do cliente versus atender os interesses da instituição, andar sobre o capitalismo de pés calçados e tentar manter as mãos limpas, gostar de dinheiro mas saber colocá-lo no seu devido lugar, sem corromper seus valores mais essenciais, sem perder o respeito ao ser humano. Parece um discurso longe demais dos bancos e instituições financeiras, mas ainda procuro uma forma de montar na minha cabeça um modelo perfeito de relação ganha x ganha. Romantismo? Utopia? Ingenuidade? Talvez, mas os grandes homens que moldaram o mundo também tinham suas visões edificantes depreciadas.
ÉTICA EM FINANÇAS
Como podemos acomodar ética e finanças?
O que é ser
ético do ponto de vista dos administradores empresariais dos acionistas, dos
empregados, dos consumidores e dos legisladores?
Este artigo não tem a pretensão
de responder perguntas e repostas, seu objetivo principal é aguçar e provocar o
pensamento sobre esse assunto.
Até o final da
idade média acreditava-se em um absolutismo ético. Aristóteles acreditava que
as pessoas buscavam o que era bom.. Para evitar o relativismo implícito em seu
ponto de vista ele dividiu os desejos em naturais e adquiridos. Naturais eram
sempre bons, não poderia haver erro ao desejá-los. O problema da construção
genial de Aristóteles surge com os desejos adquiridos tudo para dependê-la do
“bom julgamento moral diferenciação entre certo e errado”.
Aristóteles
aponta três virtudes que devem ser cultivados para alcançá-lo. Ter perseverança.
Coragem e justiça.
Possuindo tais
virtudes o agente teria um comprometimento no sentido de que o que lhe
conviesse fosse igualmente bom para os outros.
Emst Gilhrer (1995) ao abordar as
diferenças de opiniões entre relativistas, fundamentalistas e aos que chama
“puritanos do iluminismo” aponta o papel fundamental de tias diferença, em uma
sociedade liberal por facilitar uma mistura de convicções e tolerância.
Santos (1991)
diz que “... ao complicarmos o espaço ou dimensão da Ética, a predominância da
social mais e mais se evidencia”.
Evidenciam-se também as feições
seletivas ou até elididas da Ética Individual.
Este autor explica que todas
abordagem da ética dever via uma dialética histórica que considere o caráter
mutável e evolutivo dos valores.
Por outro
lado, embora com valores distintos, é possível que um povo compreenda e
respeite os valores dos outros.
A ética é
criada, construída socialmente no coletivo. O problema da ética surge em função
da dificuldade em definir-se bem e mal e da vida em grupo.
Simples “tudo que este individuo
considerar bom para si, será bom e, automaticamente ético”.
Membros
compartilhando o mesmo espaço a existência de uma ética a ser seguida. A ética
aqui representa uma restrição à liberdade individual, representa normas sociais
em geral.
Para a
sociedade hodierna, a ética comparativa tem cada vez maior importância, a
multiplicidade uma homogeneização da dimensão ética do gênero humano seja
impossível o que importa é que a maioria das sociedades há valores que estão de
acordo com os da outra.
O processo da
globalização de uma economia em cursos é com toda certeza um dos acontecimentos
mais significativos dessa segunda metade de século. Não financeiros embora
tendo sido os primeiros a se integrarem a nível global constituam até o momento
o principal fator de risco para o processo.
As questões
éticas permeiam todas as atividades humanas, mesmo porque os indivíduos sempre
tem uma dimensão moral. A área financeira é reconhecida um território de mentes
quantitativas, o tio de ambiente onde a melhor expressão da ars gratia artis é um polpudo saldo
bancário. E esse ponto de vista é válido porque um financista que não ganha dinheiro,
não é um bom acionista e ninguém irá querer que esse venha administrar algo.
Vivemos em uma
sociedade capitalista e consumista, nada mais a dizer, com raras e, porque não
dizer, belas, necessárias e comoventes exceções.(Madre Tereza)
As pesquisas
cientificas de caráter ético em finanças não são exatamente comuns, a
preocupação tem se concentrado bastante sobre a regulamentação do mercado de
modo a lhe garantir um mínimo de credibilidade bem como em estabelecer limites
de exposição para os diversos agentes em função do risco sistêmico. Existe
também um crescente interesse em avaliar o desempenho dos fundos e de
investimento com preocupação humanitárias ou fundos éticos em contraste com
outros fundos e com índices de mercado e em saber se atitudes éticas e/ ou
socialmente responsáveis levadas a cabo pelas empresas são legitimadas dentro
do conceito de maximização da riqueza dos acionistas; bem como há uma grande
preocupação em suavizar as arestas nos conflitos de agência entre corretores, investidores
e firmas corretoras.
Causas do interesse por ética em finanças
- Pressão dos consumidores;
- Melhorar a produtividade e o
serviço aos clientes;
- Competitividade (ser ético é
uma estratégia de marketing)
- Mudanças nos valores da
sociedade (pessoas primeiro, lucro depois); e
- Temor de dano monetário e na
reputação por procedimento não ético.
Pessoas capacitadas para agirem
- Criar grandes barreiras de
entrada;
- Promover um programa de
educação continuada para os profissionais, e:
- Possuir um processo de
fiscalização e julgamento claros, que puna os transgressores.
“Cedo ou tarde todos
falham em agir eticamente.”
Princípios para Ética em Finanças
Para que haja ética
em finanças há passos a serem seguidos:
- O Papel das Virtudes:
“A virtude é uma qualidade humana
adquirida, cuja posse e exercício tentem a permitir-nos alcançar aqueles bens
que são internos” Alasdair
- O Papel da Comunidade:
Na ética da virtude, a
racionalidade é uma racionalidade compartilhada, com uma concepção compartilhada
daquilo que é realmente desejável em todo esforço humano.
- O Papel do Julgamento Moral
A ética da virtude rejeita a
abordagem caçada em regras para a educação moral. A ética da virtude é um processo
em busca da excelência, que admite a manutenção ou quebra de regras desde que
conduzam a excelência. Neste contexto seguir o aparato legal não deve ser visto
como uma atitude necessariamente ética, mas sim como o fundamento a partir do
qual o ideal profissional naquela atividade ser perseguido.
- O Papel dos
Exemplos Morais
O aprendizado moral não consiste
primariamente no aprendizado de regras, mas na aquisição de exemplos
pertinentes. Um modelo adequado pode ser didaticamente mais efetivo do que um
conjunto de máximas comportamentais. Os conflitos e ambiguidades estão no cerne
da abordagem baseada no agente. Esta é a razão pela qual a habilidade de fazer
bons julgamentos morais é tão crítica e o conhecimento através da observação de
exemplos, dentro de um sistema organizacional que alimenta tal conhecimento, é
crucial.
Ética da Virtude e o Profissional de Finanças
Segundo o
autor, a ética da virtude fornece o que nos é fundamentalmente mais necessário:
um objetivo ou ideal em nossa vida profissional. Afirma que para buscar esse
ideal há dois princípios fundamentais:
- Ver a profissão como uma
prática;
- Nessa prática buscar o “bem
interno” acima de todo o resto;
Os atributos da profissão para que esta seja uma prática:
- Deve estabelecer seus próprios
padrões de excelência e ser em parte definida por eles:
- Deve ser dirigida ao objetivo
(teológica);
Os atributos dos “bens internos” dentro dessa prática:
- Serem únicos àquela atividade;
- Serem ilimitados
-Serem intangíveis; não podendo
ser simplesmente definidos, quantificados ou matematicamente enumerados.
Segundo
Dobson, deve-se ensinar aos profissionais a superioridade inerente dos “bens
internos” em oposição aos “bens externos”; e fazê-lo ver que não são seres
atomísticos, mas parte de uma prática profissional. Os credos existem nas
corporações para disseminar tal ética pessoal. Ao invés de apresentar a ética
como uma restrição ao comportamento, um código corporativo baseado na ética da
virtude enfatiza o papel da excelência moral como um objetivo. Em suma, tal
ética coloca a virtude acima do ganho material. Por serem os códigos de ética
corporativos insuficientes para garantir uma conduta ética; os programas de
treinamento são essenciais.
BIBLIOGRAFIA
-Livro:
Fundamentos de Ética Empresarial e Economia
Autores: Maria
Cecília C de Arruda, Maria do Carmo Whitaker e José Maria Rodrigues Ramos – 2ª
Edição – Atlas
- Sites:
www.google.com.br / www.youtube.com
Patolino, vai comprar o livro? estou aliviadissimo por vo e ter sistematizado uma coisa que eu achava que sabia, e sabia que pensava. Uma pena q eu nao seja da area!
ResponderExcluirÉTICA! Palavra que parece perder seu sentido quando o assunto é finanças. Não é raro observar profissionais, muitas vezes de grande escalão, alterando números contábeis e distorcendo planilhas financeiras de suas empresas. Esse tema em finanças e no mundo empresarial de forma genérica é bem delicado e merece um estudo mais profundo e até mesmo acadêmico. Porém, aqui não é o local para uma análise científca. Por isso, irei ficar limitado apenas em tercer alguns comentários. Ética em finanças chega a ser tão superficial que para quem busca atuar profissionalmente manipulando dinherio de terceiros, basta realizar uma prova com grau de acerto de 70%, onde o tema ética não chega a 40% do conteúdo geral e peso da prova.O conflito de interesses na área de finanças é absurdo. Posso dizer com segurança, pois toda a minha vida profissional foi direcionada para essa área. Trabalhei em gerenciamento financeiro/ risco /backoffice em algumas empresas, além disso, estou no mercado de bolsa a quase 10 anos, sendo 4 como profissional (já perdi o triplo do que ganhei nesse “game”) e passei por uma grande falência financeira familiar, ou seja, colecionei ao longo da vida e curta carreira profissional algumas figurinhas. O cenário que vejo para o futuro não é nada agradável na relação ética/finanças. Minha percepção diz que teremos cada vez mais “gurus financeiros”, multiplus planos, fórmulas e equações sugerindo algum milagre, etc. Tudo isso será reflexo de investimentos mais complexos e pouco rentáveis. E nesse cenário de engenharia financeira a ética não é bem vinda. Leiam “Pound Foolish: exposing the dark side of the personal finance industry” de Helaine Olen. Não sei se há alguma tradução para a nossa língua, mas é possível encontrá-lo na Amazon por volta de $16. (http://www.amazon.com/Pound-Foolish-Exposing-Personal-ebook/dp/B006CUDCUM/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1357559787&sr=1-1)Também recomendo a leitura de um artigo que fiz leitura em meados de 2012. http://www.lideres.org.br/portal/noticia.php?id=5407 onde revela o executivo mentiroso brasileiro. Verdadeiros profissionais da mentira camuflados em uma roupa de Decisons Makers. O que me traz certo conforto é saber que o sitema financeiro é feito de pessoas e as pessoas podem mudar. Para você que está lendo esse comentário só peço cuidado para nao cair na cilada da crença infundada na força de vontade futura com soluções de um mundo financeiro melhor. Apenas não respeite o desconto hiperbólico sujeito do tempo. E assim talvez você possa eliminar, ou pelo menos, minimizar a falta de ética financira que tramita em nossas vidas. Essa discussão me faz recordar uma velha fábula (abaixo) que escutei de uma amiga chinesa. E chega de papo, estou cansado! Irei escutar alguma música. Abraços!
ResponderExcluirDe Jiang Yingke
O JURAMENTO
Certo mandarim corrupto tinha o hábito de aconselhar seus subordinados a serem honestos. Quando assumiu o cargo, ele fez o seguinte juramento:
- Caso eu aceite suborno com a minha mão esquerda, que ela seja decepada; e caso a mão direita aceite subordo, que ela também seja decepada.
Tempos depois, como o vício era grande e a tentação, muita, o mandarim aceitou suborno e foi descoberto. Ele ficou preocupado, pois poderiam lhe aplicar o castigo que ele mesmo havia sugerido. Seus ajudantes vieram em sua ajuda:
- Por que não corta apenas as mangas da túnica? Assim o senhor não perde as mãos.
O mandarim achou que era uma boa ideia.