Sem entrar muito em detalhes biográficos e indo direto ao ponto, Tim Christensen faz um tipo de som capaz de capturar imediatamente e com extrema força os ouvintes mais atentos da boa música. Sem estilo definido, o dinamarquês de 38 anos tem uma capacidade criativa melódia impressionante, um compositor finíssimo, suportado por uma banda impressionante. Sem muita enrolação deixo vocês com duas músicas que eu considero sensacionais.
Essa me fez chorar na primeira audição e vai diretamente para o set list do meu casamento:
"Paris, fevereiro de 1903. Rainer Maria Rilke (1875-1926) recebe uma carta de um jovem chamado Franz Kappus, que aspira tornar-se poeta e que pede conselhos ao já famoso escritor. Tal missiva dá início a uma troca de correspondência na qual Rilke responde aos questionamentos do rapaz e, muito mais do que isso, expõe suas opiniões sobre o que considerava os aspectos verdadeiros da vida.
A criação artística, a necessidade de escrever, Deus, o sexo e o relacionamento entre os homens, o valor nulo da crítica e a solidão inelutável do ser humano: estas e outras questões são abordadas pelo maior poeta de língua alemã do século XX, em algumas das suas mais belas páginas de prosa."
Cartas a um jovem poeta entrou na minha vida em momento extremamente delicado. Eu estava com grandes dificuldades em encaixar meu potencial artístico dentro de uma vida atarefada e em muitas vezes fria. Os momentos de melancolia estavam se tornando cada vez mais frequentes, as dúvidas sobre as direções estavam tenazes, um trigal de interrogações estava pairando no meu horizonte. E esse livro entrou como conselhos de um irmão mais velho, um pai, um grande amigo, me trouxe alento para essa fome que só quem ama a criação artística, só quem coloca a alma no seu trabalho conhece. Chorei, ri, beijei o livro algumas vezes. Essa viagem de introspecção, de ensimesmação que Rilke propõe a Kappus é tão profunda e intensa que o livro acaba se tornando um elogio à solidão. Atrever-se a escrever só depois desse contato consigo mesmo e de se sentir parte da natureza, quando o ato de escrever se tornasse imprenscindível, visceral. Não é lindo isso? Aliás, o Rilke é conhecido como o poeta da solidão justamente por esse livro. E essa viagem de introspecção proposta por ele serve para qualquer pessoa, mesmo aquelas que não desejam um dia escrever. Resiliência? Tenacidade? Auto-piedade? Conflitos existenciais? Sensibilidade exagerada para um cotidiano congelante? Muito obrigado Raine Maria Rilke (e Cecília Meirelles pela tradução): você mudou a minha vida.
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