Hoje, diante a minha estupidez em
relação ao mundo e inabilidade em entender, sob certo aspecto, o comportamento
e a vida humana, fiquei seriamente enfermo da mente e tortuosamente fui em
busca de um trilho ideológico como tentativa de melhor entender o mundo e as
pessoas.
A verdade é que sempre estive
patologicamente em busca de um autorretrato que permitisse ver, em antecipação,
a descontinuidade das minhas convulsões ideológicas. Agora, completamente envolvido
por uma luz etérea, deixo-me entregar com fervor aos meus pensamentos mais
genuínos. E indubitavelmente percorro entre emaranhados de pontos reflexivos e chego
incansavelmente aos mesmos questionamentos.
Nesse mundo da chantagem do
entretenimento tecnológico onde tudo é rápido, superficial, anestésico, todos
parecem sofrer quase que compulsoriamente da falta de dignidade intelectual. Sem
criatividade ou medo de arriscar, parece que todos estão terrivelmente
obscurecidos pelo delírio esquizofrênico das massas, estão hipnotizados pela luz do
eletroeletrônico de conteúdo raso e sem propósito da timeline de qualquer rede
social, ficam enfraquecidos pela rotina de todos os dias, pintando o asfalto sem paciência com suas luzes vermelho/amarela ao retornarem para suas casas. E ainda parece que foram dolorosamente depreciados pelas escadas mecânicas e largos
corredores de pessoas entrando e saindo
freneticamente dos estabelecimentos com sorrisos nos rostos como se a realidade
que se encontra atrás dos muros climatizados não estivesse em profunda
consternação.
Certamente, são poucos os que percebem o desenho
dramático de suas vidas e questionam se tudo isso é verdadeiramente o nada.