domingo, 24 de junho de 2012

Do que é que vocês estão rindo?

É muito interessante quando não caimos na armadilha de achar que nossa pouca idade é o exato empecilho do opinar sobre certos assuntos. Falar do comportamento humano, o filosofar e o versar sobre ele são tão velhos quanto o ato de pensar. Portanto, levantarei aqui um texto muito antigo.
Tudo acontece em contexto, em conjunto, em junção de partes, diferentes a cada vez.
Assim sendo, acho que estamos com um grave problema de saúde pública. Não se trata de hipertensão arterial, tabagismo, alcoolismo, poluição. Não se trata de câncer, infarto e derrames. Não se trata de violência social e do uso de drogas. A perda da saúde biológica, social, mental e espiritual são provocadas pelo auto-abandono.
Há varias formas de se abandonar. Fazemos isso todos os dias! A cada momento em que fraquejamos em algo, que fazemos algo que sabemos não dever fazer (e vice-versa), nos abandonamos.
Ok. Nada de errado comer aquele chocolate na dieta, ou não dar passagem a um idoso quando estamos com pressa. Temos o direito de errar, de sermos impacientes, imperfeitos. O problema é quando esse "abandono" com as pequenas e grandes obrigações da vida toma tal proporção que esquecemos quem somos, o que queremos, e para onde vamos. Deixamos de nos corrigir. Passamos a viver como vegetais, robôs, maquinas que acordam cedo, trabalham, almoçam, fazem mercado, tomam uma cervejinha no fim de semana e dormem depois do jornal. Tornamo-nos automáticos, vazios de propósito e significado, ainda que estejamos entre os melhores funcionários da empresa.
Este, ao meu ver, é o principal problema de saúde pública. Ao abandonarmos a nós mesmos, abandonamos a saúde pessoal e a saúde do mundo. Inconcientemente, nada nos importa. Tomamos remédios por tomar, pois "todo mundo toma". Compramos roupas por comprar, pois "tá na moda". Trabalhamos "por obrigação". Gritamos com nossos filhos porque "faz parte". Vamos a bares e festas porque "é bom né?". E vamos vivendo. E vamos morrendo. E, um dia, finalmente morre(re)mos.
Devemos visar a retirada gradual da máscara, da armadura. O mundo é perigoso, vá lá. Mas não colocar a cabeça de fora é suicídio. Direcionar a energia, o poder criativo, a força transformadora presente em cada verdadeiro eu é o melhor caminho para abandonarmos o abandono (é o que chamo de eficiência espiritual).
O assunto é polêmico, e cada frase desse escrito poderia originar um livro. Contudo, uma coisa é certa: enquanto a medicina, em particular, e o interesse humano, em geral, não se voltarem para uma abordagem eficiente na profilaxia do abandono, nosso trabalho será cumprido pela metade. Abandonado.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um dia como outro qualquer


18 de junho de 2012, 04:30hs, deliciosa manhã de segunda, vejo os primeiros raios de sol e penso nas sombras dos concretos se espalhando pelo centro da cidade... Enquanto me preparo para mais um dia de trabalho, ecoa em meus ouvidos o autêntico nu jazz do Club des Belugas. Grupo que já conhecia, porém deixei de lado por alguns anos. Fuçando minhas músicas encontrei o cd “Swop” de 2008. Uma grata surpresa, pois a qualidade do álbum é sensacional. 

Portanto resolvi compartilhar com vocês. O grupo é da Alemanha e tem como proposta mesclar temas jazzísticos com a sonoridade mais moderna. Nessa perspectiva, eles possuem diversos formatos que vai desde a formação clássica de um jazz quartet até incrementos com temas de natureza afrobeat, drum and bossa, har trance, jazzstep, longe e letric swing. Tudo isso, traz um clima bem retrô, remetendo aos anos 30,40, 50 e 60 e ao mesmo tempo provoca uma sensação de atualidade.

Maxim Illion e Ralf Ilgner são os líderes do grupo que sempre tantam reunir músicos do mundo todo e de diferentes gerações. O resultado é fabuloso! Nomes como Brenda Boykin, Anna Luca, Dean Bowman já circularam pelo grupo. 

 “... Strangely happy where I am, yet wonder what could be...” a faixa “wearing out my shoes” encontram meus tímpanos acompanho de um cappuccino complementado com creme de cacau , canela e leite vaporizado. Essa música (beat leve e bem gostoso) caiu muito bem agora no início do dia, café, silêncio, a cidade acordando. Maravilha! Por favor, não deixem de escutar! 

O cd “Swop” é bem diversificado. Começa com “what is jazz” um jazz swing equilibrando batidas eletrônicas, inserções de metais e um baixo bem encorpado. Além disso, o vocal nos convida para um balanço dançante. O álbum não poderia começar melhor! E seguida temos  “it's a beautiful day”, um tema mais calmo, voz feminina, compasso cadenciado. Por volta dos 1:24 entra naipes de metais o que nos remete de cara aos anos 30, 40 e depois retorna ao clima nu jazz. A faixa “Frankie” é a que mais gosto. Primeiro, pelo vocal assustadoramente fascinante. Além disso, gosto muito da condução da bateria, pois me faz recordar o estilo hardbop (condução do ride e marcação do hi-hat). Posso até imaginar Art Blakey tocando esse tema... heheheheheeheheeheh!!!

Merece destaque ainda  “She said no” que é cantada toda em scats e na altura dos seus 3 minutos tem um solo de trombone bem estimulante. “Take three” é o tema mais clássico do cd. Uma releitura da inesquecível “Take Five”.

O álbum é, sem sobra de dúvida, espetacular e ideal para escutar em um dia ensolarado degustando um salmão grelhado acompanhado de um bom vinho (recomendo um Pinot Blanc alsaciano) e uma bela mulher.

São quase 08:00hs e preciso ir  para o escritório trabalhar. Ainda pretendo aproveitar esse dia como um outro qualquer...

Abraços!

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