domingo, 5 de maio de 2013

No mundo de MONK


Hoje quero falar um pouco de Thelonious Sphere Monk. Diferente no nome e na música foi inacreditavelmente surpreendente em suas composições. Ele era capaz de explorar de forma hipnótica o silêncio da música. As vezes seus improvisos causa angústia nos ouvintes, pois sempre surge algo diferente e inesperado. Sentado ao piano com postura totalmente errada, dedos rígidos e em certos momentos errando no dedilhado, promove improvisos desconcertantes. Contudo, sempre objetivo e com notas nos momentos corretos contextualizando o tema.

Monk é conhecido também pela sua excentricidade, pois era capaz de passar uma turnê inteira (vários dias) sem pronunciar uma palavra. Há relatos que chegava a dormir no meio dos seus improvisos ou se mostrava bastante agitado percorrendo o palco e dando voltas ao redor do seu piano. Alguns dizem que sofria de deficiência mental, afirmando que era esquizofrênico. Outros dizem que o uso de drogas como o uso de LSD o levou ao comportamento de demência. 

Com seu quarteto lendário composto por Charlie Rouse (sax tenor), Larry Gales (baixo) e Ben Riley (bateria) ganhou bastante notoriedade fazendo diversos shows pela Europa e sendo reconhecido pelo público nos anos 60. Monk não produziu muito, foi econômico, mas deixou um legado fenomenal. Temas como “Round Midnigh”, “Blue Monk”, “Epistrophy” e “Straight No Chaser” são considerados hoje como standards do jazz.

Confesso que demorei algum tempo para entender a complexidade da música de Monk. E realmente não é tão fácil absorver as ideias sincopadas desse piano. Para quem tiver curiosidade e quiser explorar melhor ideias transgressoras de Thelonious Monk, deixo abaixo uma lista da sua melhor discografia. Sim. Monk é difícil, mas quando se compreende suas ideias cada nota tocada é escutada com um prazer exorbitante. Vale a pena a aventura!

 



Thelonious Monk & Sonny Rollins – 1953
Considero um álbum bem leve de se escutar. Com contribuições de Sonny Rollins e outros grnades nomes do jazz como Percy Heath (baixo), Art Blakey (bateria), Art Taylor (bateria), Tommy Potter (baixo) e Julius Watkins foi gravado nos meses de novembro de 1953 e setembro de 1954. São 5 faixas com uma estética bem bebopiana com uma estrutura bem flexível o que deixa espaço para os solos de Rollins contrastando com os solos de Monk. Vale o destaque para os temas “Friday the 13th” e “Work”.

 

 


Sem dúvida o álbum que mostra a essência de Monk. A faixa título é totalmente desconcertante, traiçoeiro, rebelde com fraseado cambaleante com mudanças bruscas e inusitadas. Esse álbum é surreal. Algo próximo do chamado free jazz realizado por Coltrane mais tarde. Com Ernie Henry (Sax alto), Sonny Rollins (sax tenor), Oscar Pettiford (baixo), Max Roach (bateria), Clark Terry (trompete) e Paul Chambers (baixo) é considerado a obra prima de Thelonious Monk. Além da faixa título, destaque para os temas “Ba-LueBolivar Ba-Lues-Are” e “Bemsha Swing”. 





Monk's Dream – 1963

Com John Ore (baixo), Charlie Rouse (sax tenor) e Frankie Dunlop (bateria) é um agradável álbum. É até possível escutá-lo de forma displicente. Porém, é impossível não observar os solos do piano cheios de ângulos. O tema “Body and Soulnas mãos Monk é magistral. Também vale a pena os temas “Bright Mississippi” e “Bye-Ya”.










Solo Monk – 1964
 

Acho esse álbum bem divertido e também bem trabalhado. Solo sem outros instrumentos para atrapalhar é possível sentir cada nota do piano. Destaque para “Dinah”, “TheseFoolish Things” e a clássica “Ruby, My Dear”.












Straight, No Chaser – 1966
 


Esse é o meu álbum favorito. Mostra um Monk amadurecido com improvisações na medida correta. Charlie Rouse (sax tenor), Ben Riley (bateria), e Larry Gales (baixo) acompanham o piano em 9 faixas com o melhor de Monk. Também gosto bastante das improvisações do sax de Rouse. Bem alinhado com as mãos do piano. Destaque para a faixa título “Straight, No Chaser”, “We See” (um bop bem trabalhado) e um dos temas que mais gosto "GreenChineyms".








Underground – 1967
 


Só a capa desse álbum já vale. A sonoridade desse trabalho me parece bem enigmático e até simples comprado aos trabalhos anteriores. Mesmo assim, vale conferir, principalmente o tema “Ugly beauty” que considero o melhor do álbum.